Fez melhor do que já vi.
Fez pior do que vier a vir.
Se viu o que é pra sentir,
que às seis o mar já vai abrir.
E, então errará, por se olhar...
Por querer se espalhar no mar,
como um espelho
prestes a se quebrar ...
Em ondas, em qualquer devir,
nesse ir e vir ... virá
meu corpo, o mar
Será melhor do que já vi..
(Em parceria com Nêgo Passarinho)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Viola
Atrás da viola toca o tocador
O diabo vive correndo atrás de nosso senhor
Atrás da bola corre o jogador
E do trabalho corro como brasileiro nato que sou
No baralho e na poesia é que eu gasto o meu suor
Atrás das horas todo dia minha noite fica bem maior
De tempo em tempo quando me lembro
Me meço e estou tão menor
Tropeço, esqueço, e sei no espesso vento seco
Que não estou só
Em frente ao sonho tem o sonhador
Reflete ao sol a cor e o silêncio
Na certa a luz do dia espera a noite amanhecer
Tropeço, nos dedos, os medos presos
Tento lento ser um tanto ou talvez melhor
Tropeço, acerto, eu sei, no espelho (sempre certo):
Mais de perto a carne vira pó.
(Em parceria com Lionel Braga Netto - 14/01/2007)
O diabo vive correndo atrás de nosso senhor
Atrás da bola corre o jogador
E do trabalho corro como brasileiro nato que sou
No baralho e na poesia é que eu gasto o meu suor
Atrás das horas todo dia minha noite fica bem maior
De tempo em tempo quando me lembro
Me meço e estou tão menor
Tropeço, esqueço, e sei no espesso vento seco
Que não estou só
Em frente ao sonho tem o sonhador
Reflete ao sol a cor e o silêncio
Na certa a luz do dia espera a noite amanhecer
Tropeço, nos dedos, os medos presos
Tento lento ser um tanto ou talvez melhor
Tropeço, acerto, eu sei, no espelho (sempre certo):
Mais de perto a carne vira pó.
(Em parceria com Lionel Braga Netto - 14/01/2007)
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Reciclagem
Nesta sexta-segunda-feira
Resolvi arrumar meus cadernos
Num súbito de reciclagem exterior
Porque dentro não tem renovação
Arranquei várias folhas...
Só depois vi que todas elas
Falavam-me algo
Todas repetiam o que eu sentia
(Me) dizendo sempre
Palavras de auto-estima:
Viva, e deixe morrer.
25/01/02
sábado, 10 de outubro de 2009
Meu corpo, mosaico de mim mesmo.
Destas mentiras dissipadas
que me colorem.
Absorto, abstrato meio a esmo,
as verdades mastigadas
e cuspidas pelo éden!
A verdade e a virtude se perderam
no inferno daquele jardim!
Hoje em dia só se encontram
no cheiro monótono das cores verdes,
em cada espaço vago, se decompondo em meu corpo...
Viva Adão ! E viva Eva !
Viva o pão ! E viva a erva !
E morte, apenas morte, para o resto das coisas!
Pois só vive o que apodrece,
pois só morre o que acontece,
pois só se apreça o que é prece.
Chega a tosse, chega o escarro...
Que hora à hora
de mim descole, o que é pedaço.
10/06/2005
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Dominique
Dominique será castigada esta noite.
Estará no milho até que seus joelhos tenham tons líquidos, avermelhados e escorridos.
Dominique será castigada. Com chicote.
Os fios retornarão frios, batendo na pele quente da pancada. Sangrará até que suas veias sintam-se tão doídas, que se sentirão, elas mesmas, como que aditas às malditas serpentes encouraçadas.
E às próprias veias culpará, Dominique.
Dominique visionará a Verdade da Dor, em cada golpe necrófilo; em cada pulsação no corpo, absorto do tato, o próprio algoz.
Dominique sentirá culpa pelo que fez, pelo que não fez. Sorverá essa culpa nas lágrimas secas, que secarão tão logo brotem.
Brotará. A culpa.
Silenciará. A voz.
Omitirá qualquer grito gutural, qualquer discurso genial e prosódico.
Enlouquecerá, Dominique. Não será compreendida.
Duvidará, Dominique, do domínio, de deus.
Sorrirá incerta qualquer certeza em que cria. E olharás para elas, abandonada pelas mentiras, suas últimas amigas.
Só lhe restará o vinho. Que virou vinagre. Virará medicina, antídoto sem escolha para as marcas.
Marcará. O tempo.
Mascarado da primavera, com seus espinhos e ponteiros, marcarão a madrugada, a aurora, o toque primeiro, assim, de leve, a primeira flor vadia, que na rua amanheça, sem notar a própria presença...
Não durará o tempo desta imagem, Dominique!
Nem porque há...
Esquecerá descarnada o que é sentir, e sucumbirá, primeiro desatenta, logo após fingida de si, ao vinagre, que retornará ao vinho. Assim que pesar seu corpo malsinado, maltratado.
Lembrará do cigarro, do pulmão, do castigo ainda fresco, aromatizando o ar.
Riscará o fósforo, fitará o rosto da chama, com cara de pergunta - sem resposta.
Dançará com o fogo junto à boca.
Beijará o fumo, na falta dos lábios, inchados e latílubros. Penetrará a fumaça na garganta e o martírio estará de volta, como deve, espectral e assombrando.
Assombrará a noite solitária, o som calado do escuro do dia. Vazia, a casa parecerá e metamorfoseará-se no calabouço imenso do remorso.
Petrificará, Dominique, onde estiver junto a impossibilidade, o furacão que girará incessante a órbita dos seus olhos, ao redor do mundo circunferente.
De repente, respirará Dominique, o ar não fará mais sua vontade.
Negará o teu abrigo, lhe será hostil, como sempre foi, carcomendo as suas células, oxidando, respirando e fenecendo.
Fenecerá, Dominique, fenecerá...
Que quando o ar já não quer, não será deus, não serei eu, ou qualquer surpresa que não esboçará sequer minha pena.
Se o ar lhe negará, caberá a mim respira-lo, poluído de morte, poluído do carbono da cidade, da fumaça ainda ali, a dançar pelo ar, seu amigo.
Não mais lhe nega, nem abandona. De revés, ainda convida a uma valsa.
Valsará a Morte, sobre teu seio, comprimirá seus órgãos em um passo mágico, de tirar o fôlego.
Receberá lugar de conforto ao teu descanso.
Seu, em um canto da sala, há um pequeno baú, uma urna,em que estará seu monte de cinzas.
Nascerá de sua lareira esse cinzento monturo, do fogo escuro onde se irão, seus pés, seus cabelos, seu dedo anelar, divorciará-se o anel dourado, devolverá por melhor dizer, a tua aliança quebrada.
Apodrecerá esquecida, virando poeira, cinzeiro unívoco do uísque, que pagará em saudade e com o dinheiro sujo, que como sei, estará também sujo de lembranças.
Entenderá.
Saudade Póstuma não se mata, não se morre.
Dominique, beberá esta noite este veneno que sai de minha língua e estará condenada. Receberá destes cabelos ásperos as chibatadas da loucura. Ouvirá somente como último som, a minha voz, calada, madrugada.
Dominique! Beberás este veneno!
Morrerá!
E só então estará em equilíbrio cada pétala de flor : depois que o seu mudo e funesto corpo, cantar o canto triste da Morte.
Esperará, Dominique, se suicidando na visão do seu rosto envelhecendo, envelhecendo, diante do espelho, até envelhecer...
Esperará Dominique..
À meia-noite...
Modelo: Kamila Zanetti
quarta-feira, 8 de julho de 2009
terça-feira, 5 de maio de 2009
Ao pó permanecerá
Pode falar: o que é que você tem?
Além de Deus ter-me feito com desdém?
Nada. Nada que eu não resolva com café.
Nada que não se resolva com um pouco de fé.
Mas se eu perdi tempo, então hei de ir a pé.
Até achar o tempo, tempo que me disse até.
Que o melhor é estar em transe
Que a vida é estar em trânsito
Parar intensamente e recomeçar a andar.
Andar. A pé, ao léu...
Transitar. Até ao céu...
Pode falar: o que é que você teve?
Você não é Deus? O que é que te deteve?
Teve? Teve até uma desculpa...
- Desculpa, mas foi só.
Nem amor, nem o rancor. E foi só.
Você nasceu e nem deixou de ser pó!
Além de Deus ter-me feito com desdém?
Nada. Nada que eu não resolva com café.
Nada que não se resolva com um pouco de fé.
Mas se eu perdi tempo, então hei de ir a pé.
Até achar o tempo, tempo que me disse até.
Que o melhor é estar em transe
Que a vida é estar em trânsito
Parar intensamente e recomeçar a andar.
Andar. A pé, ao léu...
Transitar. Até ao céu...
Pode falar: o que é que você teve?
Você não é Deus? O que é que te deteve?
Teve? Teve até uma desculpa...
- Desculpa, mas foi só.
Nem amor, nem o rancor. E foi só.
Você nasceu e nem deixou de ser pó!
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Por entre a fumaça e o vinho
Por dentre os sons sem equilíbrio d'alta-noite
Ébrios
Deuses
Sonhos
Todos
Mundos
Corpos
Copos de leite
Doce deleite
Sonhar...
Ébrios ares
acres, doces
hálitos
fosse o vinho filante...
Deuses deram
o toque feiticeiro
e o tato inteiro tinha o cheiro
deleitoso do delírio.
Como lírios, papoulas
pelos
poros
florescia o louro dourado dos sonhos.
Caminhavam na escuridão
tornando sonho o que era chão!
Era arredia a onírica terra:
como a hera,
espalhou-se o espaço
debaixo dos seus pés...
Do espectral teatro
encenou -se o ato de despertar.
Tão perto o peito arfante,
Repleto antes de cor que de ar,
quedou-se do medo
vaporosamente em minha digital,
No curto silêncio dos meus dedos.
Ao som do susto
tateei com custo
meu próprio rosto,
meu próprio corpo.
E fui encontrá-los
nos olhos que me fitavam
Faziam fita, faziam cena,
fariam até cinema se soubessem cantar
os meus sentidos.
Perdido pelo alheio devaneio,
Num enleio entrelaçado
d'um permeio de loucura e fado,
de mãos dadas com as fadas da Beleza
Rompi a tísica vida,
Metafísica ferida,
pelas tuas unhas
quebrei a incerteza de estar sano;
Do meu crânio trouxe os negros panos,
trouxe os pratos,
pra vestir e mastigar
o alimento e o sustento.
Tirou o pó,
pôs retrato,
E fez de fato
Meu sopitado lar
a quimera além-matéria
de poder-te etérea,
eternamente
tocar.
Escrito por Carlos Batata, em um momento em que minhas mãos ficaram sem ar. Comentário de Isadora Machado.
Uma poesia onírica, talvez.
Postado originalmente em http://misantropolis.zip.net/index.html
Por dentre os sons sem equilíbrio d'alta-noite
Ébrios
Deuses
Sonhos
Todos
Mundos
Corpos
Copos de leite
Doce deleite
Sonhar...
Ébrios ares
acres, doces
hálitos
fosse o vinho filante...
Deuses deram
o toque feiticeiro
e o tato inteiro tinha o cheiro
deleitoso do delírio.
Como lírios, papoulas
pelos
poros
florescia o louro dourado dos sonhos.
Caminhavam na escuridão
tornando sonho o que era chão!
Era arredia a onírica terra:
como a hera,
espalhou-se o espaço
debaixo dos seus pés...
Do espectral teatro
encenou -se o ato de despertar.
Tão perto o peito arfante,
Repleto antes de cor que de ar,
quedou-se do medo
vaporosamente em minha digital,
No curto silêncio dos meus dedos.
Ao som do susto
tateei com custo
meu próprio rosto,
meu próprio corpo.
E fui encontrá-los
nos olhos que me fitavam
Faziam fita, faziam cena,
fariam até cinema se soubessem cantar
os meus sentidos.
Perdido pelo alheio devaneio,
Num enleio entrelaçado
d'um permeio de loucura e fado,
de mãos dadas com as fadas da Beleza
Rompi a tísica vida,
Metafísica ferida,
pelas tuas unhas
quebrei a incerteza de estar sano;
Do meu crânio trouxe os negros panos,
trouxe os pratos,
pra vestir e mastigar
o alimento e o sustento.
Tirou o pó,
pôs retrato,
E fez de fato
Meu sopitado lar
a quimera além-matéria
de poder-te etérea,
eternamente
tocar.
Escrito por Carlos Batata, em um momento em que minhas mãos ficaram sem ar. Comentário de Isadora Machado.
Uma poesia onírica, talvez.
Postado originalmente em http://misantropolis.zip.net/index.html
sábado, 4 de abril de 2009
Voragem
Voragem nervosa
procura o meu corpo
que já não está aqui.
Minha boca bordada
costura silêncios,
nomes que me esqueci
Para só lembrar do meu
Para só lembrar do seu
Rosto amordaçado,
torto e calado
que se reflete ali.
Alma malsinada,
o tempo,
não tem calma:
Faz esquecer de mim
Para esquecer de deus.
procura o meu corpo
que já não está aqui.
Minha boca bordada
costura silêncios,
nomes que me esqueci
Para só lembrar do meu
Para só lembrar do seu
Rosto amordaçado,
torto e calado
que se reflete ali.
Alma malsinada,
o tempo,
não tem calma:
Faz esquecer de mim
Para esquecer de deus.
domingo, 18 de janeiro de 2009
Band-aid
E não tem band-aid que tape,
Nem tem rede que embale,
ou parede que pare,
o caminho da dor.
E não tem sopa que cura,
não tem roupa que cubra,
nem cafuné que dê jeito,
e nenhum outro amor.
Nem tem rede que embale,
ou parede que pare,
o caminho da dor.
E não tem sopa que cura,
não tem roupa que cubra,
nem cafuné que dê jeito,
e nenhum outro amor.
Saudação
Engano da minha cabeça, delírio das minhas idéias... Tão jovem e com caraminholas de velho gagá, caquético. Aquelas idéias das casas a vigiar-me os passos já era motivo para preocupações suficientes.
Começava a endoudecer deveras. Cria nisso piamente. Poucas são as coisas que merecem crença.
Mas, e agora? O que era isso de ver gente pela cozinha? Casa vazia, jazz, cigarro, café... e um velho na cozinha. Tem cabimento? Não, ora essa.
Aquele velho de terno cinza, chapeuzinho cordial nas mãos, uma reverência. Só, ele cumprimentava docemente sei lá quem.
Logo dei aquilo por brinquedo do meu juízo. E o velho de fato se diluiu no espaço, tal qual a fumaça prateada que subia do meu cigarro, em direção às estrelas, na noite quase sem brilho.
Talvez fosse uma troça de velho com ares de criança, escondendo e rindo-se satisfeito e divertido, às minhas custas.
Em todo caso, deve ser sempre uma alegria caminhar quando se deveria estar deitado apodrecendo, no paraíso, no inferno, fila de banco, para onde se vá, enfim. Ou não se vai a lugar algum e deixa-se estar por a, a cumprimentar, sorrir, materializar-se na cozinha de casas alheias.
Talvez não houvesse diversão nisso tudo. Eu não me divertia. Ao velho bastava esquecer, pela idade, pela vontade, ou pelo alzheimer. E aí sim, alegria de morrer.
Eu tinha problemas com a morte e tê-la ali tão perto, a ponto de me oferecer um cópo-d'água, com aquele riso tão vivo no rosto, me enchia da sensação melancólica que a noite fria, o café, já frio no último gole, o cigarro após tropeçar da minha mão tremida, o último beijo que ele encerrava, os últimos acordes de Billie Holliday e sua música, trilha sonora de suicídios, impregnavam na minha pele. Arrepio dos pés ao cabelo, até e principalmente, dentro da minha cabeça.
O que há é que o dia chegou, após uma madrugada insône, e já me preocupo. Eu agora só posso reproduzir sorrisos, cumprimentos. O velho parecerá mais um de quem a vida e os anseios não me interessam. Porém, cumprimentá-lo-ei, mecanicamente, como faço com todos à minha volta. Com o tempo, talvez lhe crie até simpatia.
(14 e 15 de maio de 2006)
Começava a endoudecer deveras. Cria nisso piamente. Poucas são as coisas que merecem crença.
Mas, e agora? O que era isso de ver gente pela cozinha? Casa vazia, jazz, cigarro, café... e um velho na cozinha. Tem cabimento? Não, ora essa.
Aquele velho de terno cinza, chapeuzinho cordial nas mãos, uma reverência. Só, ele cumprimentava docemente sei lá quem.
Logo dei aquilo por brinquedo do meu juízo. E o velho de fato se diluiu no espaço, tal qual a fumaça prateada que subia do meu cigarro, em direção às estrelas, na noite quase sem brilho.
Talvez fosse uma troça de velho com ares de criança, escondendo e rindo-se satisfeito e divertido, às minhas custas.
Em todo caso, deve ser sempre uma alegria caminhar quando se deveria estar deitado apodrecendo, no paraíso, no inferno, fila de banco, para onde se vá, enfim. Ou não se vai a lugar algum e deixa-se estar por a, a cumprimentar, sorrir, materializar-se na cozinha de casas alheias.
Talvez não houvesse diversão nisso tudo. Eu não me divertia. Ao velho bastava esquecer, pela idade, pela vontade, ou pelo alzheimer. E aí sim, alegria de morrer.
Eu tinha problemas com a morte e tê-la ali tão perto, a ponto de me oferecer um cópo-d'água, com aquele riso tão vivo no rosto, me enchia da sensação melancólica que a noite fria, o café, já frio no último gole, o cigarro após tropeçar da minha mão tremida, o último beijo que ele encerrava, os últimos acordes de Billie Holliday e sua música, trilha sonora de suicídios, impregnavam na minha pele. Arrepio dos pés ao cabelo, até e principalmente, dentro da minha cabeça.
O que há é que o dia chegou, após uma madrugada insône, e já me preocupo. Eu agora só posso reproduzir sorrisos, cumprimentos. O velho parecerá mais um de quem a vida e os anseios não me interessam. Porém, cumprimentá-lo-ei, mecanicamente, como faço com todos à minha volta. Com o tempo, talvez lhe crie até simpatia.
(14 e 15 de maio de 2006)
Cruzam-se em meu quarto escuro:
A fumaça chorosa das velas;
O beijo do haxixe em fogo;
A polpa do incenso, no sabor do ar,
Formam corpos azuis, e sobem a parede
Azul
Em direção ao teto, azul...
Como uma onda de encontro ao céu.
------------
O quarto numa penumbra que espera:
chuva!
As mãos, em ossos quebrados que esperam:
luva!
O farto, d'uma linha reta que espera:
curva!
O ar pesado, carregado de demônios e
fumaça...
O ar parado, carregado de relógios e
não passa...
O tempoatado ao passado que rói e
traça...
--------
Nos traços em que me escrevo,
Nos braços em que estou preso
Clamei à noite,
respondeu a Morte...
As árvores negras, desejosas de silêncio...
A fumaça chorosa das velas;
O beijo do haxixe em fogo;
A polpa do incenso, no sabor do ar,
Formam corpos azuis, e sobem a parede
Azul
Em direção ao teto, azul...
Como uma onda de encontro ao céu.
------------
O quarto numa penumbra que espera:
chuva!
As mãos, em ossos quebrados que esperam:
luva!
O farto, d'uma linha reta que espera:
curva!
O ar pesado, carregado de demônios e
fumaça...
O ar parado, carregado de relógios e
não passa...
O tempoatado ao passado que rói e
traça...
--------
Nos traços em que me escrevo,
Nos braços em que estou preso
Clamei à noite,
respondeu a Morte...
As árvores negras, desejosas de silêncio...
... E desde o tempo em que o homem olhou para a Lua e quis lá morar, a Lua se afastou.
E o homem inventou de inventar a distância, na ânsia, de fugir, de si mesmo.
Foguetes, aviões, colchões para deitar e sonhar com a Lua no céu.
E a vida sugada pelas pulgas e rugas do aço no rosto.
Tão antigo já o cão, o amigo, o próprio desejo. O copo de álcool.
O corpo.
Lá e cá.
...
E o homem inventou de inventar a distância, na ânsia, de fugir, de si mesmo.
Foguetes, aviões, colchões para deitar e sonhar com a Lua no céu.
E a vida sugada pelas pulgas e rugas do aço no rosto.
Tão antigo já o cão, o amigo, o próprio desejo. O copo de álcool.
O corpo.
Lá e cá.
...
Trecho da canção Laika, da banda Nilza e o Sindicato dos Mendigos, da qual fui integrante nos anos de 2006 e 2007.
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